Os cães não estão livres das doenças degenerativas relacionadas ao envelhecimento. Muito parecido com o Alzheimer em humanos, a disfunção cognitiva canina envolve uma série de mudanças comportamentais e pode se manifestar a partir dos sete anos de idade. Com o aumento da expectativa de vida dos animais, os veterinários atestam maior número de animais com o problema. De diagnóstico complexo (afinal, ainda não existe um exame específico para identificar a doença), a disfunção cognitiva costuma assustar no início, pois muda o cotidiano de cães e seus donos.
Segundo a dra Valéria Corrêa, diretora técnica do Hospital Veterinário do Pet Center Marginal – 24 horas, entre as manifestações desta doença estão desorientação do cão (envolve momentos de agitação e/ou de sonolência), redução de atividade física, mudanças no padrão do sono, perda de memória visual e alteração nos hábitos de higiene. “São animais que passam a urinar e defecar em qualquer lugar, deixam de interagir com a família, trocam a noite pelo dia, entram em locais restritos da casa e têm dificuldade para sair deles. Em alguns casos, passam a não reconhecer mais os próprios tutores e ficam apáticos”, esclarece.
Como tumores cerebrais e alguns distúrbios endócrinos provocam mudanças comportamentais semelhantes, é importante que os tutores procurem o veterinário do animal para que seja feito o diagnóstico adequado. “Infelizmente se trata de uma doença que interfere na qualidade de vida do pet”, diz a veterinária. “É essencial que os tutores entendam que o cão não se comporta assim por vontade própria e tenham paciência e carinho na hora de cuidar desses velhinhos”, alerta Valéria Corrêa.
O tratamento, de acordo com a veterinária, pode incluir medicação e alteração na dieta. Pode-se optar por rações ricas em antioxidantes, que auxiliam no combate aos radicais livres e, por sua vez, retardam o envelhecimento. Para que o animal fique bem, no entanto, a compreensão e atenção dos donos ainda formam o melhor tratamento.
Confira abaixo algumas dicas da veterinária:
– Não deixar o animal sozinho por longos períodos, já que eles podem ficar confusos ao se enfiarem em lugares restritos da casa e não conseguirem sair, como embaixo de móveis, atrás de portas.
– Outro cães mais jovens podem ajudar os mais velhos, seja orientando esses animais, que às vezes estão cegos e surdos também. Por outro lado, esses companheiros mais novos podem incomodar os cães da terceira idade, cabe ao tutor separá-los, se for o caso.
– São cães que irão dormir por mais tempo, é normal – isso acontece não só pela doença, como pelo envelhecimento. O ideal é levá-los mesmo dormindo para fazer as necessidades ou recorrer às fraldas descartáveis (mas nem todos animais se adaptam).
– Se possível, deixar o espaço livre onde esses animais ficam para que possam caminhar, quando desejarem, sem acidentes. Manter a caminha higienizada e respeitar a lentidão nos momentos de passeio.
– Como podem ocorrer também mudanças no apetite do animal, que troca o dia pela noite, deixe a ração disponível e a água por tempo indeterminado. Converse com o veterinário para indicar opções pastosas para facilitar a mastigação do cão
Fonte: http://epoca.globo.com/regional/sp/blogs-epoca-sp/farejador-bichos/noticia/2013/07/seu-bcao-nao-te-reconheceb-ele-pode-sofrer-do-mal-de-alzheimer.html